terça-feira, 15 de junho de 2010

COPA DO MUNDO E PRECONCEITO

A beleza é uma questão de gosto pessoal! Mas é mais do que a preferência do indivíduo: é uma questão de estética, sentimento humano à beleza. Mas gosto pessoal e sentimento estético são, também, conseqüências de ideologias. Resultado: a visão de mundo dominante acaba sendo determinante para o conceito do que é beleza. E nada haveria de errado se este conceito não resultasse em discriminação daquele que não se enquadra nos padrões dos meios que nos dizem o que é e o que não é belo.

Na partida entre Holanda e Dinamarca, a imprensa brasileira – TV, jornais e Internet -, não pouparam críticas a um jogo feio, pelos lances violentos entre as duas equipes, e babaram a torcida feminina loura que ocupava as arquibancadas.

Como nas partidas anteriores não se falou da beleza das mulheres negras que também ocuparam as arquibancadas dos estádios e as ruas da África do Sul ou dos jogadores negros, nem mesmo os da seleção da França, pode-se concluir que para esta imprensa a beleza tem pele branca e cabelos louros.

Aliás, o preconceito está presente nas decisões da própria Fifa, organizadora da Copa do Mundo, que não permitiu que fosse banida dos estádios a peste da vuvuzela, cornetão de plástico que atormenta até quem assiste ao jogo pela TV a milhares de quilômetros do palco da bola. É certo que a Fifa pensa que a única coisa que esse povo primitivo sabe fazer é barulho, coisa de pobre, de país de terceiro mundo. Se tivesse a poderosa Federacion tido a preocupação em estudar um pouco o país sede, saberia que a barulhenta peça foi introduzida nos jogos algo em torno de há nove anos, tempo muito curto para criar tradição.

A primeira Copa do Mundo da África provavelmente não ajudará a mudar a realidade do continente berço da civilização humana, mas uma coisa nos ensinará: o quanto homens e mulheres continuam preconceituosos. E que a imprensa, que deveria ser um alerta sobre esta seqüela humana, contribui para perpetuá-la. (Santino Soares)

Um comentário:

Anônimo disse...

nada a vê