COMENTO
O presidente Luis Inácio Lula da Silva consegue a aprovação de 84% do povo brasileiro, segundo pesquisa do Instituto Sensus, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria - CNI. A aferição saiu nesta terça, 3, no mesmo dia em que o IBGE divulga que o desempenho da indústria em dezembro passado teve uma retração de 12,4%, o pior resultado desde 1991, com o faturamento caindo 16,2% nos meses de outubro, novembro e dezembro. E agora? Alguém se candidata a explicar o fenômeno da popularidade do Presidente?
Havia certa esperança conspiratória, rondando por aí, com a quase certeza de que o desastre em que se transformou a economia mundial, quando por aqui aportasse, levaria com ela o nosso Lula. Esfumou-se!
É muito provável que alguém diga que a popularidade de Lula é porque ele é bom marqueteiro, bom de papo, fala a língua do povo, vive na imprensa, dá dinheiro aos muito pobres, distribui vagas ou paga a faculdade de milhares de jovens. Pode ser. Mas não explica tudo, pois, se 48 milhões de pessoas recebem o “bolsa família” (12 milhões de famílias X 4 membros), somados a outros 16 milhões que recebem alguns outros benefícios, ainda assim, 130 milhões de brasileiros poderiam dizer que, por não recebem nenhum benefício direto, não o apóiam. É parada dura, mesmo! Os cientistas sociais devem ter uma explicação científica para tanta admiração. Fora disso, penso que todo torcedor da seleção canarinho conhece o corintiano e sabe que ele é corintiano.
Conheci Lula no início dos anos 70, em um comício que foi fazer em Santarém, no Oeste paraense, em defesa dos sindicatos e contra a ditadura. A praça Nossa Senhora de Aparecida (que coincidência) ficou pequena para tanto mocorongo e não poucos milicos. E o cara falou! Falou mais aos policiais, dizendo que o que ele estava fazendo ali não era subversão, mas lutando por salários dignos para a classe trabalhadora. E que cada policial ali presente sentia esse problema na própria pele, pois talvez tivesse deixado em casa a esposa e os filhos até sem comida, porque o soldo era insuficiente para pagar as despesas do mês. Coragem de dizer a verdade, cara a cara com o inimigo.
Entrevistei Lula duas vezes nos estúdios da Rádio Liberal e uma vez no hotel Sagres, antes de ele ganhar a primeira eleição para presidente da República. Quando em campanha, fiz uma entrevista por telefone, com ele em casa, em São Bernardo do Campo. Sempre me impressionou!
Lembro que Lula havia perdido duas eleições em pleno processo de democratização (isso mesmo, democratização) do País. A sociedade ainda não havia abandonado as lentes que lhe impusera a ditadura militar. Então, os companheiros de primeira hora viraram as costas para o “sapo barbudo”. Lula, enquanto candidato, estava tão desacreditado, que Edmilson Rodrigues e outras figuras menores se ofereceram ao PT para serem candidatos do partido à presidência da República. Eles não sabiam quem era Lula! Eles esqueceram quem era Lula! O povo, não! Candidato mais uma vez, Lula conseguiu a façanha de ser o primeiro operário a ser eleito pelo povo presidente da República do Brasil.
Está certo, o governo do Lula apresenta muitas decepções, mas o povo que ouviu, viu e aprendeu sobre Lula, sabe das coisas. Outros representantes do povo é que não sabem que a massa pensa, do contrario não teriam elevados Sarney, Temer e seus comparsas a donos do Congresso Nacional.
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